Falar do Evangelho de Cristo para nós cristãos parece um tema
fácil e com alegria esgotamos o tema sem problema nenhum. Porém, a verdade é
que nem sempre o que falamos ou vivemos de fato seja o Evangelho de Cristo. É
banal o modo como tratamos as escrituras, conservada durante milênios, para que
chegasse até nós a salvação. Simplesmente voltamo-nos para um secularismo
monótono que garante no mais tardar 80 anos, que segundo a Bíblia é canseira e
enfado, e Paulo ainda nos adverte em Rm. 12:2:
“... não sejais amoldados a
este século, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança
da mente de vocês.”
Nas palavras de Paulo, é preciso chamar a atenção para o “não
amoldar” com o secularismo/mundo. Em uma de suas pregações, um grande pregador
do qual eu admiro muito, a saber, Paul Washer, enfatiza nesse trecho de Romanos
12:2, que o evangelho não conversa com o mundo e ainda cita a carta de 1Jo 2:15:
“Não ameis o
mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está
nele.”
Desde criança aprendi que Cristo morreu em meu lugar, aguentou uns
tabefes, umas chicotadas, uns cravos no madeiro. Durante anos essa imagem me
assustou. Mas, analisando a vida dos mártires da igreja primitiva, fiquei
assustado! Vejam Policarpo de Esmirna, foi fiel e pregador do Evangelho, no
entanto, foi condenado a morrer por não negar a sua fé, questionado pelo
governador Plínio no ano de 155 D.C, se era cristão e se negasse sua fé poderia
viver, então respondeu:
“Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de
mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um cristão”!
Seu martírio foi terrível, foi colocado piche e ateado fogo em seu
corpo. E muitos outros são os mártires que se seguiu na caminhada da igreja
primitiva, tinham o comprometimento com a verdade.
Sejamos honestos, qual morte foi pior? A de Cristo ou a de
Policarpo? A meu ver, morte é uma coisa horrível e indiscutível, porém, se
pudesse optar, nunca gostaria de morrer queimado, optaria pela morte de cruz.
Mas então, qual
foi a Graça que por nós recebida na morte de Cristo? Voltemos em dois momentos
distintos, um pouco antes da morte de Cristo no jardim do Getsêmani, e o outro
durante a crucificação:
1º Momento:
“E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto,
orando e dizendo: Meu Pai se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não
seja como eu quero, mas como tu queres.” Mt 26:39
2º Momento:
"E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli,
Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"
Mt 27:46
Os discípulos se alegravam em levar surras ou terem sidos
afrontados por serem “portadores” do nome de Cristo ( ver Atos 5:41), ora, será
que Cristo estava com receio de açoites ou até mesmo da Cruz? Paulo responde em
Rm 1:18:
“Porque do céu se manifesta a
ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a
verdade em injustiça.”
Voltemos então ao nosso primeiro momento com a pergunta, o que
continha no cálice que Jesus pediu ao pai que o livrasse? Por que tanta
amargura e sofrimento ao ponto de transpirar sangue? Meus amados, a Ira de Deus era sobre nós, e Jesus
tomou sobre si este cálice. Toda humanidade pecou, transgrediram as leis,
então, Deus que é Justo julgou a humanidade, o que cabia a todos nós era a ira
de Deus, e quem resistiria a essa ira se não o próprio Deus? Cristo sendo em
sua essência Deus, tomou o cálice de sua própria ira, justifica-se então o
sofrimento naquele determinado momento.
Mas e o segundo instante? No
momento em que Jesus clama ao pai por tê-lo abandonado, demonstra todo o
desprezo do Pai por ele, pois naquele momento Cristo estava não só tomando o
cálice da ira de Deus, mas levando sobre si o pecado de toda uma raça, a saber,
a humana.
Enfim, o Evangelho de Cristo é mais que um simples falar que se esgota facilmente, mas que está além dos nossos limites de compreensão, e falar dele é apenas esboçar o misericórdia de Cristo pela humanidade, mas entendê-lo é como mergulhar na imensidão do mar e tentar achar terra, ou seja, jamais.
Bibliografia
Novo Testamento
interlinear grego – português. Barueri, SP: Sociedade bíblica do Brasil, 2004.
Estudos bíblicos
expositivos em Romanos –Sproul, R.C. SP: Cultura Cristã,2011.
História do
Cristianismo ao alcance de todos – Shelly ,Bruce L.. SP: Shedd Publicações.
História
ilustrada do Cristianismo – Gonzáles, Justo L. SP: Vida Nova, 2011.
Muito bom! O que Cristo fez não foi apenas um ato de martírio, foi um sacrifício de amor intraduzível, tão grande que faria mártires morrerem com ações de graças.
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